A doença não tem cura, por isso a conscientização é fundamental para o diagnóstico e tratamento adequados.
Nesta sexta-feira, 30 de agosto, celebra-se o Dia Nacional de Conscientização sobre Esclerose Múltipla. A data é dedicada a ampliar o conhecimento sobre a doença autoimune que afeta o sistema nervoso central e atinge pelo menos 40 mil brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). Crônica e neurodegenerativa, a esclerose múltipla apresenta uma variedade de sintomas, que podem tanto indicar sua gravidade de forma imediata quanto se assemelhar a aspectos comuns do cotidiano, levando muitos pacientes a adiar a busca por assistência por meses ou até anos.
A esclerose múltipla atinge principalmente mulheres jovens, entre 20 e 40 anos. Por razões genéticas ou ambientais, o sistema imunológico começa a atacar a bainha de mielina, uma camada de gordura que envolve as fibras nervosas na substância branca do cérebro e na medula espinhal. Esse processo compromete a função do sistema nervoso, afetando o trânsito de informações dos neurônios para o resto do corpo. Quando esse caminho é prejudicado pelas lesões provocadas pela doença, essas informações se dispersam, gerando uma variedade de sintomas.
Segundo o neurologista e especialista em Esclerose Múltipla do Santa Marcelina Saúde, Dr. Flávio Vieira, ao surgirem os principais sintomas, como neurite óptica (inflamação do nervo dos olhos), tontura e desequilíbrio, paralisia dos olhos, neuralgia do trigêmeo (dor facial) e síndrome medular (fraqueza nas pernas e braços), é necessário procurar um neurologista para a realização de exames específicos, como ressonância magnética e coleta de líquor.
“A doença acomete, geralmente, mulheres de 25 a 35 anos. Apesar de diversos estudos, ainda não há uma conclusão definida sobre as causas da esclerose múltipla. Sabe-se que alguns fatores ambientais, como infecção pelo vírus Epstein-Barr, deficiência de vitamina D, tabagismo e alguns genes específicos, podem aumentar a propensão à doença, mas nenhum fator é completamente definido”, esclarece Dr. Vieira.
O neurologista explica, ainda, que, na esclerose múltipla, o próprio organismo começa a produzir anticorpos contra a bainha de mielina, uma estrutura que atua como isolante elétrico e contribui para a propagação eficiente do impulso nervoso ao longo dos axônios, prolongamentos dos neurônios responsáveis pela transmissão de informações. “A doença degenera a bainha de mielina, afetando diferentes partes do corpo, dependendo da região do sistema nervoso central que está sendo atacada, como o cérebro, cerebelo, tronco cerebral ou medula espinhal. Cada uma dessas regiões pode apresentar sintomas e sinais específicos”, finaliza.
Diagnóstico: Envolve uma combinação de fatores clínicos e exames complementares. Sintomas como fadiga intensa, problemas de visão e dificuldades motoras e cognitivas são comuns. Para confirmar o diagnóstico, é necessária uma ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal, que pode revelar áreas de desmielinização (danos à mielina). Exames de líquor e potenciais evocados também podem auxiliar no diagnóstico.
Tratamento: Embora não haja cura para a esclerose múltipla, o tratamento visa controlar os sintomas, reduzir a frequência dos surtos e desacelerar a progressão da doença. Durante um surto, medicamentos específicos podem ser usados para reduzir a inflamação e ajudar na recuperação. Para a fase de manutenção, tratamentos a longo prazo são indicados para diminuir a atividade da doença e prevenir novos surtos. Além disso, terapias de suporte, como fisioterapia e reabilitação, desempenham um papel crucial em melhorar a mobilidade, a função e a qualidade de vida dos pacientes.