Quando descoberto no início, tumor pode ter até 98% de chances de cura

O mês de novembro é dedicado à conscientização e prevenção do câncer de próstata, por meio da campanha Novembro Azul. O tumor de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Mesmo com alta incidência da doença, cerca de 71.370 novos casos na estimativa para este ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o diagnóstico precoce pode ajudar os pacientes a atingirem 90% chances de cura, podendo chegar em até 98% a depender do estágio e tratamento.

De acordo com a plataforma Radar do Câncer, o tumor de próstata é o mais incidente entre os homens no Brasil. Segundo números da Sociedade Brasileira de Urologia, o país registrou 17.587 mortes causadas pela doença em 2024, o equivalente a 48 óbitos por dia — uma alta de 21% em dez anos.

Para o supervisor do Serviço de Urologia do Hospital Santa Marcelina, Dr. Luiz Jorge Budib, o principal grupo de risco da doença são os homens negros e os que têm mais de 50 anos. “É fundamental manter as consultas anuais ao médico, especialmente nos casos de pacientes com essas características e nessa faixa etária. Os homens que já tiveram episódios na família também têm maior risco de desenvolverem a doença e devem estar atentos a qualquer anormalidade para garantir o tratamento de um possível tumor ainda no início”, afirma o urologista.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento em hospitais habilitados em oncologia, incluindo exames clínicos, procedimentos cirúrgicos e tratamentos conforme prevê a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC).

Muitas vezes, a consulta com um urologista é a porta de entrada do homem no sistema de saúde. “Geralmente, trazido por sua parceira para uma avaliação da próstata, é possível diagnosticar outras condições, muitas vezes silenciosas, mas que podem impactar a qualidade de vida e a longevidade da população, como pressão alta e diabetes”, explica o Dr. Budib.

Serviço de Urologia do Hospital Santa Marcelina

O Hospital Santa Marcelina é referência no atendimento de pacientes com doenças urológicas na Zona Leste de São Paulo. A instituição possui ambulatórios dedicados a doenças da bexiga, rins, entre outros, além de um atendimento específico de UroOncologia, que recebe cerca de 400 homens por mês, deste total, aproximadamente 160 têm câncer de próstata.

Em 2023 foram realizadas pelo serviço 112 cirurgias, já de janeiro a outubro de 2024, o hospital conduziu 80 operações de câncer de próstata. A equipe é composta por 17 urologistas e nove residentes.

“Os pacientes que chegam ao hospital realizam uma avaliação de rotina urológica. Por meio de exames como PSA e toque retal. Caso haja suspeita de tumor, o homem é encaminhado para uma biópsia da próstata. Se o resultado for maligno, a equipe médica avaliará o grau de estadiamento do tumor para determinar se será necessário o tratamento cirúrgico ou radioterapia e, caso esteja avançado será feito o bloqueio hormonal (que impede a produção de hormônios masculinos que aceleram o crescimento do tumor de próstata) ou quimioterapia”, destaca o especialista.

Diagnóstico do câncer de próstata

Os principais exames utilizados para a investigação do câncer de próstata são o PSA e o toque retal. O exame de PSA tem como finalidade medir no sangue o antígeno prostático específico, uma proteína produzida pela próstata que circula na corrente sanguínea e no sêmen. Níveis alterados dessa proteína podem indicar problemas na próstata. O toque retal, por sua vez, avalia o tamanho, volume, textura e forma da próstata. Além desses, outros exames, como clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, também podem ser utilizados no diagnóstico. É importante ressaltar que esses procedimentos são recomendados quando há suspeita do tumor na próstata.

Prevenção

Manter hábitos saudáveis, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, praticar atividade física diária e adotar uma dieta balanceada — rica em grãos, legumes, cereais, verduras, frutas e carnes magras, além de moderar a ingestão de sal e açúcar — pode diminuir o risco de vários tipos de tumores malignos, incluindo o câncer de próstata.

Tratamento

O tratamento varia conforme a localização e o estágio da doença. Nem sempre a cirurgia é necessária. Quando o câncer é localizado — ou seja, quando atinge apenas a próstata e não se espalha para outros órgãos — geralmente são indicadas cirurgia e/ou radioterapia. Para casos localmente avançados, recomenda-se combinar radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal. Nos casos de metástase (quando o tumor se espalha para outras partes do corpo), a terapia hormonal é a mais indicada. A escolha do tratamento deve ser individualizada, levando em conta a avaliação médica.