Cirurgião do Santa destaca a importância da prevenção, que pode evitar um terço dos casos

O câncer de cabeça e pescoço já é considerado o sexto tipo de tumor mais comum no mundo. Embora esses tumores cresçam de maneira silenciosa, com poucos sinais e sintomas (no início da doença), a boa notícia é que cerca de um terço deles pode ser evitado. Componentes do sistema respiratório e aparelho digestivo como faringe, garganta, boca, língua, seios paranasais, glândulas salivares, tireoide, entre outros, fazem parte desse grupo de cabeça e pescoço.

Em prol do Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado no dia 27 de julho, o cirurgião e supervisor do Serviço de Cabeça e Pescoço do Santa Marcelina Saúde, Dr. Belmiro José Matos, alerta sobre a importância de conscientizar a população para a prevenção. Ele destaca que adotar hábitos saudáveis, como manter uma boa higiene bucal e realizar visitas periódicas ao dentista para exames clínicos, é essencial na prevenção e no diagnóstico da doença. “É fundamental que o dentista valorize sempre a queixa do paciente, como lesões que não cicatrizam há mais de 10 dias, e, caso haja alguma suspeita, encaminhe o caso para um oncologista, que fará uma análise e determinará a melhor conduta terapêutica”, explica.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o número de novos casos de câncer da cavidade oral estimado para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de mais de 15 mil casos, o que corresponde ao risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes, sendo mais de 10 mil casos em homens e 4.200 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,30 casos novos a cada 100 mil homens e 3,83 a cada 100 mil mulheres.

Já, o número estimado de casos novos de câncer da laringe para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 7.790 casos, o que corresponde ao risco estimado de 3,59 por 100 mil habitantes, sendo 6.570 casos em homens e 1.220 casos em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,21 casos novos a cada 100 mil homens e 1,09 a cada 100 mil mulheres. Projeções a longo prazo da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que haverá 27 milhões de novos casos de câncer em 2030.

“Um nódulo persistente no pescoço de consistência firme e endurecida, uma lesão na boca que não cicatriza em 10 a 14 dias com sangramento contínuo, dificuldades para mastigar e engolir, rouquidão prolongada por mais de três semanas, dor constante que não melhora e engasgos frequentes são alguns dos sintomas do câncer de cabeça e pescoço. É importante ficar atento a esses sinais”, alerta Dr. Belmiro.

Fatores de risco

O cigarro e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são os fatores de risco mais conhecidos. Porém, estudos recentes publicados pelo Johns Hopkins Oncology Center, nos Estados Unidos, mostram que o papilomavírus humano (HPV) é um dos fatores que estão em alta na predisposição do desenvolvimento do câncer de boca.

Em geral, o câncer causado pelo HPV é menos agressivo localmente, mas pode comprometer os linfonodos do pescoço de maneira mais rápida.  No entanto, são mais sensíveis às terapias com radioterapia e quimioterapia. Quando diagnosticados em estágio inicial, as chances de cura podem chegar a 90%.

Álcool, cigarro e HPV:

Enquanto o hábito de fumar vem diminuindo, o número de casos de HPV segue em direção contrária, em especial o subtipo relacionado ao HPV. “Ele está associado, principalmente, aos tumores de orofaringe em pacientes mais jovens, decorrente do ato sexual sem proteção, o que resultou em um significativo aumento de casos de tumores de cabeça e pescoço sem histórico de tabagismo e alcoolismo, por exemplo”, explica.

Atenção: esse tipo de câncer é assintomático

Em fase inicial, dificilmente há alguma manifestação, o que dificulta o diagnóstico precoce. É preciso cuidado e atenção especiais com nódulo persistente no pescoço, dificuldades para engolir, lesão na boca que não cicatriza ou rouquidão prolongada que dure mais de duas semanas.

Formas de tratamentos específicos

Tanto a radioterapia como a sua combinação com a quimioterapia e a cirurgia podem curar muitos pacientes portadores deste tipo de câncer. É importante que a escolha do tratamento se dê através de um time multidisciplinar envolvendo todas as especialidades para melhor coordenação e êxito na terapia.

Previna-se!

Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas

Procure manter uma alimentação saudável

Mantenha a higiene bucal em dia.

Para os pacientes expostos aos fatores de risco, buscar o acompanhamento regular com um cirurgião de Cabeça e Pescoço é fundamental para detectar precocemente alguma lesão suspeita

Abandone o cigarro. Esta é a melhor maneira de evitar a maioria dos cânceres de boca, faringe e laringe.