No dia 04/03 foi celebrado o Dia Mundial da Obesidade, uma doença crônica, progressiva e recidivante, muito prevalente no Brasil e no mundo, sendo atrelada a diversas condições de saúde como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas do colesterol e triglicerídeos (excesso de gorduras no sangue). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade, atualmente, é um dos mais graves problemas de saúde. Até 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, ou seja, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30.
Segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo, 1 a cada 8, vivem com obesidade. No Brasil, porém, a proporção considerando a população adulta já é de 1 pessoa com a doença a cada 4, apontam dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2024, monitoramento anual do Ministério da Saúde.
Pela definição da Organização Mundial da Saúde, obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso. No entanto, mesmo nessa faixa de IMC já podem apresentar uma série de prejuízos devido ao excesso de gordura corporal.
De acordo com o Dr. Sávio Cavalcante, endocrinologista do Ambulatório de Especialidades do Santa Marcelina Saúde, a obesidade não é apenas uma condição clínica relacionada apenas a aspectos do excesso de calorias na dieta e do estilo de vida sedentário. Ela é de origem multifatorial e pode estar relacionada a fatores genéticos, ambientais, privação de sono, estresse psicológico etc.
“O tratamento inclui, além de adotar uma alimentação saudável com redução da ingestão de calorias e aumento da atividade física, associar-se ao uso de medicamentos. Em casos mais graves, como naqueles pacientes com IMC acima de 50, por exemplo, e refratários ao tratamento clínico, pode ser indicado o tratamento cirúrgico”, explica.
Perigos da obesidade: a obesidade compromete o bem-estar do indivíduo e a condição pode dificultar a realização de tarefas de rotina e gerar sintomas como dores, em decorrência da sobrecarga nas articulações e problemas na coluna, fadiga e indisposição.
No entanto, o maior problema da obesidade é que a condição favorece o desenvolvimento de várias outras doenças. “O obeso tem maior probabilidade de desenvolver hipertensão, diabetes do tipo 2, colesterol alto, doenças cardiovasculares, artrose, refluxo esofágico, complicações respiratórias, depressão e, inclusive, até 13 tipos de câncer. O tratamento deve ser feito com orientações para mudanças no estilo de vida, ajustes na alimentação, prescrição de exercício físico e, se necessário, a indicação de tratamento farmacológico, psicoterapia e cirurgia bariátrica”, orienta o endocrinologista do Santa Marcelina.
Dicas de alimentação contra o excesso de peso:
- Evite alimentos com alta densidade energética, frituras e molhos cremosos. Preparações elaboradas com manteiga, creme de leite e queijos ou que sejam fritas possuem maior densidade energética
- Prefira alimentos crus, assados, cozidos, grelhados e levemente refogados
- Evite bebidas com açúcar
- Ocupe metade do seu prato com hortaliças (verduras e legumes), alimentos de menor densidade energética
- Atenção à quantidade dos alimentos ingeridos
- O controle da ingestão energética é feito através da melhor qualidade alimentar e redução da quantidade dos alimentos ingeridos
- Limite o consumo de bebida alcoólica
- O desequilíbrio energético é mais eficaz quando há redução na ingestão alimentar e aumento do gasto energético (sendo mais ativo e com prática regular de exercício físico)
- Evite dietas de alta restrição energética e exclusão de grupos de alimentos, pois elas podem levar a carências nutricionais, alterações na saúde, redução do desempenho esportivo e distúrbios alimentares.
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia está indicada, segundo a Organização Mundial da Saúde, para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m², que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos). Para o Dr. Sávio, o mais importante e essencial é que uma pessoa com esse perfil busque ajuda médica, já que a qualidade de vida e a saúde são itens que nenhuma balança ou fita métrica são capazes de medir.
Ambulatório de Especialidades do Santa Marcelina: o Hospital dispõe de três ambulatórios de pré e pós bariátrica, onde se prepara o paciente até a liberação para o procedimento cirúrgico. São atendidos, em média, de 144 a 180 pacientes de pré ou pós bariátricos por mês, e os retornos em consultas com a especialidade de endocrinologia são de quatro a seis meses.
O serviço é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e oferece acesso à cirurgia bariátrica, sendo realizadas tanto as técnicas de Sleeve (gastrectomia vertical, ou seja, retira-se uma parte do estômago), bem como o Bypass (tipo de cirurgia bariátrica que reduz o tamanho do estômago e altera o local de ligação com o intestino).
O Santa Marcelina é referência em cirurgia bariátrica na zona leste de São Paulo. Os pacientes são acompanhados com equipe multiprofissional como nutricionista, psicóloga, endocrinologista e cirurgião bariátrico antes e depois do procedimento cirúrgico. Estes pacientes permanecem no serviço com a endocrinologista no período de três a cinco anos após a cirurgia bariátrica, onde são acompanhadas as deficiências vitamínicas bem como as demais comorbidades em saúde (diabetes, hipertensão, distúrbios do colesterol) etc.