O aumento dos casos de infarto e outras emergências cardiovasculares no fim do ano é um fenômeno reconhecido há décadas. De acordo com dados da American Heart Association (AHA), as celebrações de dezembro estão associadas a um risco 15% maior de ataques cardíacos, o que aumenta em até 37% a chance de infarto na véspera de Natal.

Somado ao estresse, há ainda os excessos alimentares e alcoólicos característicos do Natal e do Réveillon. A alimentação típica das festas aumenta a pressão arterial e sobrecarrega o sistema cardiovascular. Noites mal dormidas, desidratação e altas temperaturas, que são comuns no verão, intensificam o risco cardiovascular.

Durante esta época do ano, além da demora para a procura de socorro, o período concentra outros elementos que sobrecarregam o sistema cardiovascular. O final do ano costuma vir acompanhado de exaustão acumulada, conflitos emocionais, balanços pessoais e pressão financeira. Esse conjunto de fatores eleva os hormônios do estresse, acelera os batimentos e aumenta a pressão arterial.

De acordo com o coordenador do Serviço de Cardiologia Intervencionista do Hospital Santa Marcelina, Dr. Jamil Ribeiro Cade, a combinação de pratos gordurosos, excesso de sal e bebidas alcoólicas favorece picos hipertensivos e arritmias. Os episódios de batimentos irregulares durante as festas e feriados são tão comuns que o fenômeno é conhecido como síndrome do coração de feriado. Em países tropicais, como no Brasil, a soma de calor intenso, noites mal dormidas e desidratação amplia ainda mais o risco.

Aumento de casos de infarto no Santa Marcelina: o Serviço de Hemodinâmica do Santa Marcelina registrou, em 2024, um aumento de 49% nas angioplastias (procedimento minimamente invasivo para desobstruir as artérias coronárias do coração, removendo coágulos ou placas de gordura, e normalizando o fluxo sanguíneo para o coração) em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já, até novembro de 2025, o crescimento foi de 47% no comparativo com 2024 e 125% maior que 2023.

Já, para os casos de infarto, em 2024 foi registrado um aumento de 148% em relação ao ano anterior. De janeiro a novembro deste ano, o serviço identificou crescimento de 84% no comparativo com 2024 e 357% em 2023.

Prevenção: para reduzir os riscos, o especialista recomenda moderação nas refeições festivas, hidratação adequada, atenção ao sono, limites no consumo de álcool e continuidade no uso de medicamentos habituais. Ele ressalta que, quem viaja deve organizar horários e doses com antecedência para evitar interrupções involuntárias. A busca por atendimento médico diante de qualquer sintoma suspeito continua sendo a medida mais importante.

A negligência diante de sinais de alerta também contribui para a gravidade dos quadros. “Durante as comemorações, muitos confundem dor no peito, falta de ar ou mal-estar com efeitos da alimentação, álcool ou cansaço – e isso atrasa o atendimento e aumenta a mortalidade”, reforça o cardiologista. Entre os sintomas que não devem ser ignorados estão dor torácica, irradiação para o braço ou mandíbula, sudorese fria, náuseas, palpitações e cansaço extremo.

“O fim do ano é um momento especial e festivo, mas não suspende a necessidade de cuidado com o coração. Os excessos são pontuais, mas seus efeitos podem ser intensos em quem já tem fatores de risco ou ainda não sabe que é portador de doenças coronarianas.  Aproveitar as festas com equilíbrio, descanso adequado e atenção ao corpo faz toda a diferença”, esclarece.

Como reconhecer os sinais de alerta de um ataque cardíaco: dor ou desconforto no peito, fraqueza, tontura, desmaio, dor ou desconforto na mandíbula, pescoço ou costas, sensação dolorosa em um ou ambos os braços ou ombros e falta de ar. Para diminuir o estresse, a AHA aconselha que reservemos um tempo de autocuidado durante férias movimentadas, apertos financeiros e interações familiares.

A associação recomenda, também, pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Esse número, conforme a entidade, tende a cair durante a agitação do fim de ano. “A recomendação é usar a criatividade para se manter ativo, mesmo que seja em um passeio em família ou uma atividade física com seus entes queridos. A AHA aconselha que as pessoas se atentem ao uso de suas medicações durante as festas, evitando esquecimentos”, finaliza Dr. Jamil.

Serviço de Cardiologia e Hemodinâmica do Santa Marcelina Saúde: é referência no tratamento de doenças cardíacas e conta com cirurgias de alta complexidade, hemodinâmica, arritmia invasiva e exames de imagem, para pacientes do SUS, convênio e particulares. É um centro de referência para os pacientes da zona leste de São Paulo.

O Serviço de Hemodinâmica da instituição passou por uma reformulação completa, com a construção da quarta sala de procedimentos minimamente invasivos e a substituição dos equipamentos antigos por três novas máquinas de última geração. Os novos aparelhos contam com tecnologia de captação de imagens mais precisas, contraste automático, menor dose de radiação, software em 4D e imagens tomográficas, com o objetivo de proporcionar mais agilidade, precisão e segurança aos pacientes que necessitam de procedimentos coronários, como angioplastia primária e eletiva, intervenções estruturais para cardiopatias congênitas e estudos eletrofisiológicos para arritmias cardíacas.