Quando diagnosticado em fase inicial, os tumores têm 90% de chances de cura
O câncer de cabeça e pescoço já é considerado o sexto tipo de tumor mais comum no mundo. Embora esses tumores cresçam de maneira silenciosa, com poucos sinais e sintomas (no início da doença), a boa notícia é que cerca de um terço deles pode ser evitado. Componentes do sistema respiratório e aparelho digestivo como faringe, garganta, boca, língua, seios paranasais, glândulas salivares, tireoide, entre outros, fazem parte desse grupo de cabeça e pescoço.
Em prol do Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho, o cirurgião e supervisor do Serviço de Cabeça e Pescoço do Santa Marcelina Saúde, Dr. Belmiro José Matos, alerta sobre a importância de conscientizar a população para a prevenção. Ele destaca que adotar hábitos saudáveis, como manter uma boa higiene bucal e realizar visitas periódicas ao dentista para exames clínicos, é essencial na prevenção e no diagnóstico da doença. “É fundamental que o dentista valorize sempre a queixa do paciente, como lesões que não cicatrizam há mais de 10 dias, e, caso haja alguma suspeita, encaminhe o caso para um oncologista, que fará uma análise e determinará a melhor conduta terapêutica”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, quando somados todos os tipos, o câncer de cabeça e pescoço configura o terceiro mais incidente no Brasil. Sua ocorrência é maior em homens, principalmente, entre os consumidores de álcool e cigarro. Outro fator de risco importante é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), contraído devido à falta de uso de preservativos na prática do sexo oral. Projeções a longo prazo da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que haverá 27 milhões de novos casos de câncer em 2030.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 80% dos tumores de cabeça e pescoço são diagnosticados em estágios avançados, o que desfavorece os prognósticos. Outro dado preocupante é que o risco de diagnóstico tardio é maior entre os jovens. O número de novos casos de câncer da cavidade oral estimado para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de mais de 15 mil casos, o que corresponde ao risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes, sendo mais de 10 mil casos em homens e 4.200 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,30 casos novos a cada 100 mil homens e 3,83 a cada 100 mil mulheres.
“Um nódulo persistente no pescoço, de consistência firme e endurecida; uma lesão na boca que não cicatriza entre 10 e 14 dias, com sangramento contínuo; dificuldades para mastigar e engolir; rouquidão prolongada por mais de três semanas; dor constante que não melhora; e engasgos frequentes são alguns dos sintomas do câncer de cabeça e pescoço. É importante ficar atento a esses sinais”, alerta o Dr. Belmiro.
Expertise do Serviço de Cabeça e Pescoço do Santa Marcelina Saúde: o Serviço de Cabeça e Pescoço do Santa Marcelina Saúde oferece atendimento especializado para condições relacionadas à região da cabeça e pescoço, incluindo diagnóstico e tratamento de tumores, infecções e anomalias congênitas. A equipe é composta por cirurgiões altamente qualificados que utilizam técnicas avançadas. O serviço também se destaca pelo atendimento humanizado e multidisciplinar, com foco na reabilitação e suporte emocional.
De janeiro de 2024 até junho de 2025, os especialistas do hospital realizaram mais de 800 procedimentos cirúrgicos. Deste total, 433 foram em mulheres e 322 em homens.
Neste mesmo período, o serviço acumulou 9.813 atendimentos ambulatoriais (6.098 em mulheres e 3.715 em homens).
Álcool, cigarro e HPV: enquanto o hábito de fumar vem diminuindo, o número de casos de HPV segue em direção contrária, em especial o subtipo relacionado ao HPV. “Ele está associado, principalmente, aos tumores de orofaringe em pacientes mais jovens, decorrente do ato sexual sem proteção, o que resultou em um significativo aumento de casos de tumores de cabeça e pescoço sem histórico de tabagismo e alcoolismo, por exemplo”, explica.
Atenção! Esse tipo de câncer é assintomático: em fase inicial, dificilmente há alguma manifestação, o que dificulta o diagnóstico precoce. É preciso cuidado e atenção com nódulos persistentes no pescoço, dificuldades para engolir, lesão na boca que não cicatriza ou rouquidão prolongada que dure mais de duas semanas.
Formas de tratamentos específicos: tanto a radioterapia como a sua combinação com a quimioterapia e a cirurgia podem curar muitos pacientes portadores deste tipo de câncer. “É importante que a escolha do tratamento se dê através de um time multidisciplinar envolvendo todas as especialidades para melhor coordenação e êxito na terapia”, orienta Dr. Belmiro.
Prevenção: evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, manter uma alimentação saudável, garantir a higiene bucal e abandonar o cigarro. Para os pacientes expostos aos fatores de risco, buscar o acompanhamento regular com um cirurgião de cabeça e pescoço é fundamental para detectar precocemente alguma lesão suspeita.