Os casos de dengue ligados ao sorotipo 3 aumentaram no Brasil, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. Segundo dados do Ministério da Saúde, esse crescimento foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o chamado sorotipo DENV3 começou a se espalhar de forma mais significativa. Esta taxa de crescimento aumenta o alerta para o serviço de saúde de todo o país, já que o avanço do sorotipo tipo 3 pode levar a um cenário alarmante, com um aumento expressivo no número de casos em um curto prazo.
No Brasil, são endêmicos os sorotipos 1 e 2, mas em 2024 os quatro tipos do vírus foram identificados no país. Ou seja, uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com os quatro diferentes sorotipos do vírus. E uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, uma pessoa passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.
Além do aumento de casos da dengue tipo 3, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou um novo caso humano de febre amarela. É o segundo confirmado nesta semana. Com o aumento de casos de febre amarela em macacos na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o governo intensificou ações de vacinação seletiva e de orientações à população sobre a importância de se imunizar antes de visitar áreas rurais ou silvestres.
De acordo com a Dra. Vanessa Lentini, Supervisora Médica da Comissão de Epidemiologia do Santa Marcelina Saúde, a chave para a proteção é redobrar a atenção e a prevenção, por meio da vacina. “Inicialmente, os sinais e sintomas da dengue e da febre amarela são muito semelhantes. Ambas podem causar dores de cabeça, febre alta, dor no corpo, cansaço, náuseas e vômitos. Manifestações hemorrágicas podem ocorrer tanto na dengue como na febre amarela. Na dengue, geralmente destaca-se a forte dor retro ocular. Já, na febre amarela, cerca de 15% dos casos evoluem com aparecimento de icterícia (amarelão) e, por isto, o nome da doença”, destaca.
Dra. Lentini esclarece, ainda, um outro aspecto a ser levado em consideração para diferenciar a febre amarela e dengue são os aspectos epidemiológicos. Para isso é importante saber se o paciente vive ou viajou para região que tem apresentado casos de dengue, e se frequentou regiões de risco para febre amarela.
“Importante destacar que, na presença de sinais e sintomas suspeitos de qualquer uma das doenças, o paciente deve ser orientado a procurar rapidamente o serviço médico para avaliação. Através da história clínica e dados epidemiológicos do caso, o médico até poderá descartar a suspeita de dengue ou febre amarela, no entanto a confirmação só será dada através de exames laboratoriais específicos”.
Diferença entre Febre Amarela e Dengue
Febre amarela: os macacos desempenham um papel essencial no combate da doença, pois funcionam como grandes sentinelas para a circulação do vírus. É por meio deles que é possível identificar rapidamente as áreas de risco e implementar medidas de saúde pública, como a vacinação. “Além disso, o macaco não transmite a febre amarela, e é crucial que seja preservado. Durante o período de férias, quando há aumento de visitantes em áreas de mata e rurais, é importante seguir as orientações e não apenas tomar a vacina e adentrar essas áreas, mas aguardar pelo menos 10 dias antes de viajar para essas regiões”, afirma.
Vacinação: a vacina contra a febre amarela está disponível em todos os postos de saúde do estado, e é a medida mais eficaz de prevenção. Desde 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de dose única, recomendada para toda a vida. “Pessoas que residem ou planejam viajar para áreas com circulação do vírus devem se vacinar pelo menos 10 dias antes da exposição”, destaca.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas iniciais da doença são: febre de início súbito, calafrios, dores na cabeça, nas costas e no corpo em geral, além de enjoo, vômito e fraqueza. As pessoas melhoram após esses sintomas, mas 15% ficam cerca de um dia sem sintomas e, depois, evoluem para quadros mais graves. Por isso, é importante ter um acompanhamento médico.
Dengue tipo 3: os sintomas costumam ser os mesmos para todos os sorotipos. Agora nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve. “E é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas: dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos, dores musculares e articulares, náusea e vômito, manchas vermelhas no corpo”, explica Dra. Lentini.
Prevenção: a vacina é uma das ferramentas contra a dengue, mas não é a principal. A forma mais eficaz continua sendo a adoção de medidas de prevenção, com a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, evitar qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa, colocar areia no prato das plantas ou trocar a água uma vez por semana. Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva e tampe as caixas d’água.