Desde a implantação do sistema, em novembro de 2023, foram atendidos aproximadamente 400 pacientes na instituição, considerado o maior centro de angioplastia primária para infarto agudo

O Santa Marcelina Saúde desenvolveu um sistema inédito que tem como objetivo o acesso ao diagnóstico precoce e mais assertivo, por telemedicina, para identificar o infarto agudo do miocárdio com supra desnivelamento do segmento ST, considerado o mais grave.

O programa, chamado STEMI Santa, é exclusivo da matriz, em Itaquera, e foi desenvolvido para atender as seis unidades da rede: UPA 26 de Agosto, UPA Tito Lopes, Hospital Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Itaquaquecetuba e São Bernardo do Campo. Estas unidades do Santa Marcelina Saúde não possuem sala de hemodinâmica para a realização do cateterismo nos pacientes infartados. Por este motivo, a necessidade da criação deste sistema, que reduz o tempo entre o eletrocardiograma ao diagnóstico e do diagnóstico a angioplastia primária.

Este é o único programa disponível aos pacientes do SUS e Hospital Santa Marcelina, de São Bernardo do Campo (convênio e particulares), que realiza o procedimento de angioplastia primária na fase aguda do infarto no menor tempo possível por telemedicina.

Atualmente, nas outras instituições de saúde do SUS, o protocolo utilizado para o infarto é o uso do trombolítico – uma medicação que tem custo elevado, com 80% de eficácia, enquanto a angioplastia primária tem mais de 98%.

O coordenador do Serviço de Cardiologia Intervencionista do Santa Marcelina Saúde, Dr. Jamil Ribeiro Cade, destaca o know-how do programa, que prioriza a angioplastia primária para pacientes com infarto agudo com supra. “Em outras instituições, é preconizado o uso de trombolíticos antes do cateterismo. No entanto, com este programa, conseguimos maior eficiência e ganhamos tempo no atendimento. Isso reduz o custo-benefício ao SUS e agiliza o processo até a fase final do tratamento”, destaca.

Importância da agilidade e precisão no diagnóstico do infarto com supra: assim que o médico atender o paciente com dor torácica nas seis unidades da rede, ele realizará o eletrocardiograma nos primeiros 10 minutos da chegada do paciente ao Pronto Socorro. Esse procedimento pode ser feito por uma enfermeira ou clínico geral, e não necessariamente por um cardiologista.

Quando o paciente chega com dor torácica e realiza o eletrocardiograma, o médico consegue identificar a alteração do supra desnivelamento do segmento ST, o que indica que a artéria coronariana está obstruída, resultando no infarto. O infarto é considerado grave quando ocorre essa alteração, sendo necessário desobstruir a artéria. O cardiologista explica: “Se não abrirmos esta artéria nas primeiras horas do infarto, ou seja, de forma precoce, o paciente pode vir a óbito devido a arritmia ou insuficiência cardíaca. Por isso, é fundamental agir rapidamente. A identificação do supra ST no eletrocardiograma é obrigatória em qualquer atendimento de urgência e emergência”.

Como funciona o sistema?

Uma vez inseridos os dados e imagens no programa nas unidades de saúde que fazem parte do STEMI Santa, que conta com quatro telas: identificação do paciente, fatores de risco para doença arterial coronariana, tipo de dor torácica e a imagem do eletrocardiograma realizado em qualquer unidade de urgência e emergência, o profissional dessas seis unidades da rede fará um contato por telemedicina com o cardiologista do Santa Marcelina, na matriz, em Itaquera, 24 horas por dia, sete dias por semana.

O cardiologista acessará o sistema e, após receber as informações, terá até três minutos para avaliar a imagem e confirmar se trata de um infarto com supra desnivelamento do segmento ST. Uma vez identificado o infarto, o paciente será encaminhado de ambulância UTI e terá 120 minutos para chegar à sala de cateterismo do Santa Marcelina, onde a equipe médica estará pronta para realizar a angioplastia primária.

“O tratamento preconizado por qualquer diretriz nacional ou internacional para o diagnóstico de infarto com supra é a angioplastia primária, realizada por uma equipe de cateterismo em uma sala de hemodinâmica, para a abertura precoce da artéria via angioplastia. Na maioria das vezes, é realizado o implante de stent farmacológico, ofertado pelo SUS na fase aguda do infarto”, explica o cardiologista.

Sinais de infarto: qualquer dor da região do estômago para cima, acompanhada de falta de ar, náuseas e vômitos, palidez, suor frio, tontura e dor característica que pode irradiar para os ombros, mandíbula ou braço esquerdo, é um sinal de alerta.

Fatores de risco: história familiar de doenças cardiovasculares, diabetes, colesterol alto, pressão alta, tabagismo, uso de drogas ilícitas, sedentarismo, estresse e obesidade. “Se você apresentar algum sinal de alerta, procure imediatamente um pronto atendimento para a realização do eletrocardiograma o mais rápido possível, para avaliação médica”, alerta Dr. Jamil Cade.