Desde fevereiro deste ano, o Hospital Santa Marcelina passou a contar com um novo procedimento para tratar o AVC isquêmico: a trombectomia mecânica; realizada por uma equipe multidisciplinar especializada no tratamento de Acidente Vascular Cerebral, a instituição se destaca por oferecer o tratamento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)
A Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) destaca que cerca de 70% das pessoas acometidas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) não conseguem retomar suas atividades profissionais devido às sequelas. Além disso, metade dos pacientes perde autonomia, necessitando de cuidadores para realizar tarefas cotidianas. Embora o AVC ocorra com mais frequência em indivíduos acima dos 60 anos, o número de casos entre jovens tem aumentado, e até mesmo crianças podem ser afetadas. No Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, é fundamental refletirmos sobre os impactos da doença e as deficiências mais comuns após o seu ocorrido.
O Brasil teve uma morte por AVC a cada sete minutos em 2025. Além disso, em 2024, foram registrados 84.878 óbitos. O AVC, também conhecido como derrame, é uma das principais causas de morte no Brasil. Somente em 2025, entre os dias 1º de janeiro e 5 de abril, o quadro foi responsável pela morte de 18.724 pessoas, segundo dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Por isso, é primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato, especialmente dentro das primeiras 4h30 do início dos sintomas.
Desde fevereiro deste ano, o Hospital Santa Marcelina passou a contar com um novo tratamento para tratar o AVC isquêmico: a trombectomia mecânica. Atualmente, somente dois hospitais em São Paulo são credenciados pelo Ministério da Saúde para realizar este procedimento: o Hospital das Clínicas e o Santa Marcelina. A trombectomia no Santa Marcelina é realizada por uma equipe multidisciplinar especializada no tratamento de AVC, e se destaca por oferecer o procedimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como é realizada a trombectomia: o procedimento, minimamente invasivo, é realizado no centro cirúrgico e os pacientes geralmente são sedados. Um micro aparelho metálico chamado de stent, é inserido através de um cateter – geralmente posicionado na virilha -, e será introduzido pela artéria aorta até alcançar o vaso do cérebro (onde está localizado o coágulo) para que o mesmo seja removido. O procedimento geralmente leva de uma a três horas. O objetivo da trombectomia é restaurar o fluxo sanguíneo e aumentar as chances de recuperação, bem como diminuir os riscos de sequelas permanentes e morte.
A agilidade é crucial no tratamento do AVC e a trombectomia é considerada um tratamento eficaz para o AVC de grandes artérias, pois protege o cérebro e pode salvar a vida do paciente. “O Hospital Santa Marcelina se destaca por atender pacientes do SUS, e oferecer tratamentos de alta complexidade. Realizar a trombectomia na rede pública em um centro de referência é um fator importante para a saúde da população”, explica o coordenador da Unidade de AVC do Hospital Santa Marcelina, Dr. Michel Machado.
Controle da hipertensão: controlar a pressão arterial, promover hábitos saudáveis e garantir que o paciente tenha acesso à reabilitação são partes de uma mesma estratégia. “O cuidado com o AVC não começa no hospital e nem termina na alta. Ele precisa ser contínuo, integrado e acessível em todas as fases, desde a prevenção até a reintegração do paciente à vida cotidiana. O papel da hipertensão é relevante como fator de risco. Recentemente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia apoiou uma nova recomendação internacional, com o objetivo de melhorar a saúde cardiovascular da população brasileira, e reclassificou a hipertensão com novos alvos.
AVC em números no Hospital Santa Marcelina: a instituição recebeu, em 2023, 569 pacientes, uma média de 47 casos por mês em fase aguda de AVC, como é o caso do AVC isquêmico – quando há obstrução de uma artéria e representam cerca de 80% dos casos atendidos no hospital -, tornando referência em atendimentos de alta complexidade. Já em 2024 a instituição registrou 562 internações, dos quais 460 foram por AVC isquêmicos e 102 hemorrágicos, uma média de 46 casos mensais. Ainda no ano passado foram realizadas 146 trombólises (uma média de 12 trombólises por mês), o equivalente a 31% de todos os casos de AVC isquêmico recebidos pelo hospital.
Sinais e diagnóstico: de acordo com o Ministério da Saúde, o AVC é uma doença tempo-dependente – quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação completa. Portanto, é primordial identificar os sinais de alerta para reconhecer a ocorrência da doença. Os sinais de alerta mais comuns do AVC incluem: alterações na fala, dificuldade para entender comandos simples, confusão mental, perda de visão em um ou ambos os olhos, convulsões, perda de força e/ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo, perda de coordenação ou dificuldade para andar, além de dor de cabeça intensa súbita.
“Em caso de reconhecimento desses sintomas, é importante ligar imediatamente para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU – 192), responsável pela triagem de pacientes com suspeita de AVC, ou se dirigir preferencialmente ao hospital mais próximo. O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo de derrame cerebral. A tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado na avaliação inicial do AVC agudo, e demonstra sinais precoces de isquemia ou hemorragia”, esclarece o neurologista do hospital.
Fatores de risco: existem fatores que contribuem para o aparecimento de um AVC, divididos em não modificáveis e modificáveis. Os fatores não modificáveis incluem idade, raça, genética e sexo. Já os fatores de risco modificáveis são: tabagismo, uso excessivo de álcool e drogas, hipertensão arterial, diabetes, níveis elevados de gordura no sangue, excesso de peso e sedentarismo. O controle e o tratamento desses fatores de risco modificáveis são a principal forma de prevenir o AVC. “Os fatores de risco modificáveis podem ser tratados ou acompanhados na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, enxaqueca, sedentarismo e obesidade. Manter hábitos de vida saudáveis é fundamental para ajudar a prevenir o derrame”, recomenda Dr. Michel.
Tratamento e reabilitação: o tratamento do AVC é realizado em unidades hospitalares que atuam como referência para esse tipo de atendimento, utilizando medicamentos como o trombolítico ou procedimentos como a trombectomia. Pacientes com sintomas sugestivos de AVC devem procurar imediatamente hospitais de urgência, pois quanto mais rápido o tratamento for iniciado, maior a chance de recuperação.
Após a fase aguda e uma vez estabilizado clinicamente, o paciente com AVC já deve iniciar reabilitação nos primeiros dias da hospitalização. Após a alta hospitalar, o paciente pode continuar a reabilitação nos Centros Especializados em Reabilitação (CERs), com acesso por meio de encaminhamento das UBSs. Nos CERs, uma equipe multiprofissional realiza uma avaliação para definir o tratamento mais adequado para cada paciente. “Além dos CERs, o Santa Marcelina Saúde recebe o apoio das EMADs – um programa do SUS de atenção domiciliar que conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Um dos seus objetivos é garantir a continuidade dos cuidados iniciados no hospital, para propiciar o atendimento na própria residência dos pacientes que não conseguem se deslocar até o serviço de saúde e oferecer abordagens diferenciadas para cada caso, além de orientar e auxiliar os familiares nos cuidados com o paciente”, finaliza Dr. Michel.